Luiz Marinho
Sobre o que se pautará as eleições de 2022? O que estará em debate? Quais serão os atores na disputa? O que pensam? Essas são algumas das perguntas que os próximos meses trarão respostas mais claras. Contudo, é possível, a título de prospecção, pensar em cenários.
Cada dia que passa o quadro caminha para que a economia seja o tema das eleições presidenciais do próximo ano. Mas não o debate da macroeconomia, como os liberais gostam de fazer, como elemento ideológico de um discurso velho e vencido sobre o tamanho do Estado.
O grande embate será em torno de soluções que impactem positiva e definitivamente na vida das pessoas. Que as permitam fazer no mínimo três refeições ao dia. Sim, como defendido por Lula em 2002, vinte anos atrás, e que se tornou realidade durante seus governos. Emprego e renda serão os conteúdos que devem tomar conta da agenda eleitoral. Se os liberais, autoritários ou não, quiserem fugir deste campo, temos que trazê-los de volta.
Contudo, em relação a quais os atores estarão na disputa e com qual discurso, aqui restam mais dúvidas. Haverá espaço para o centro? Ou a polarização entre a esquerda e a direita fascista será inevitável? Penso que esse quadro ainda não está definido. A polarização não é dada. Isso, pois, o fascismo pode derreter ainda mais e mesmo que esteja no governo – ou até por conta disso, pode se desmanchar no ar.
E qual seria esse centro? Ele seguirá com a sua clássica fábula de que o mercado resolve tudo? Ou tendo em vista que a pandemia mostrou que ele não resolve nada, tentarão retomar o discurso social-democrata corroído por suas práticas neoliberais? Tendo a crer que eles seguirão este caminho. No velho estilo raposa em pele de cordeiro. Claro que eles precisam se resolver com qual porta-voz seguirão. Mas seja qual for, penso que vestirão esse figurino.
Do nosso lado, do lado de cá – no campo da esquerda, creio que nosso adversário hoje seja o presente. Adversário que tenho certeza enfrentaremos com o porvir que estimule a economia interna, coloque comida na mesa das pessoas e fortaleça o SUS com a garantia da vacina para todos, pelo tempo que for necessário.
E tudo isso, retomando o projeto de um Brasil forte internamente, com oportunidade para todos e todas, respeitado internacionalmente e que cuida da sua gente e do meio ambiente olhando para frente.
Luiz Marinho é Presidente do PT/SP, foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, ministro do Trabalho e da Previdência no governo Lula e prefeito de São Bernardo do Campo