Cortesia com chapéu alheio

Luiz Marinho

Paulo é um malandro. Crescido entre os chiques das finanças, vive de presepadas a favor dos de cima. Adora fazer graça punindo os debaixo. Sempre, em vez de fazer o que deve ser feito, transfere a responsabilidade para aqueles que estão sempre perdendo.
 
Agora ele quer antecipar o décimo terceiro de beneficiários da Previdência Social. Grande armadilha. Para a economia? Para o governo? Não. Para aposentados e pensionistas. Como propôs um auxílio emergencial muito baixo, longe dos já insuficientes R$ 600 do ano passado, o Paulo e sua equipe econômica liberal pró-bancos querem fazer os aposentados pagarem o pato pela crise econômica que se estende no Brasil por culpa do governo que eles representam.
 
Pois se o governo que ele faz parte e defende tivesse comprado as vacinas quando foram oferecidas pelos laboratórios, ou seja, ainda no ano passado, hoje estaríamos vivendo na normalidade e a crise já teria passado. Ou seja, a crise se estendeu e hoje segue punindo as famílias por culpa do governo dele. Logo cabe a eles apresentar alternativas. E não querer, mais uma vez, que os de baixo paguem a conta.
 
O que o Paulo – o malandro, quer, é que a Dona Maria da Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo, o seu José de Heliópolis, em São Paulo, e que todos os aposentados e pensionistas do Brasil abram mão de ter um fôlego no final do ano para colocar algumas contas em dia, ter uma ceia melhor no Natal ou até mesmo poder comprar um presentinho para os netos, para pagar uma conta que eles não foram responsáveis por criar.
 
Colocar mais dinheiro circulando na economia neste momento é uma medida acertada. Mas não dá para querer fazer isso tirando da boca dos mais pobres. É um escárnio, tão característico dessa gente. A medida acertada seria aumentar o valor do auxílio emergencial e ampliar o seu alcance. Por que não criar um décimo quarto salário para aposentados e pensionistas? Garantiria uma renda extra agora para essa importante parcela da população, assegurando a manutenção dos seus projetos com o décimo terceiro.
 
E há dinheiro para isso? Claro que há. Basta não ficar preso às amarras impostas por seus amigos do mercado, que são egoístas por natureza, e definir isso como prioridade. Essa é a verdadeira política econômica para esse momento. Dinheiro na mão do povo para ele poder comer e viver. Assim, a economia avançará e atravessaremos esse momento em direção à normalidade perdendo menos vidas pelo caminho.


 
Luiz Marinho é Presidente do PT/SP, foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, ministro do Trabalho e da Previdência no governo Lula e prefeito de São Bernardo do Campo

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