Luiz Marinho
A CPI instalada nesta semana para investigar a condução do enfrentamento à pandemia por Bolsonaro e seu governo promete trazer revelações que deixarão estupefatos brasileiros e brasileiras.
Uma das primeiras, e talvez a mais impactante das revelações, envolve a compra, ou melhor, a negativa de compra de vacinas ainda em 2020. Sim, Bolsonaro se recusou a comprar em dezembro pelo menos 70 milhões de doses de vacinas da Pfizer. Essa é uma das principais causas de hoje estarmos tão atrasados na vacinação.
O estímulo a aglomerações, infringindo claramente as medidas sanitárias, deverão receber um tratamento especial por parte da CPI. Pois, a reincidência no cometimento de tal crime o torna ainda mais grave. A cumulatividade amplia significativamente a pena a ser aplicada. Este crime está caracterizado no artigo 268 do Código Penal e tem pena prevista de detenção de até um ano.
E seguem as irregularidades a ficarem sob a luz da CPI. A determinação para que o Ministério da Saúde editasse o protocolo sobre o uso da hidroxicloroquina, medicamento sabidamente ineficaz no enfrentamento ao coronavírus, a propaganda escancarada nas lives do próprio Bolsonaro, e por meio de pressão sobre profissionais de saúde, para seu uso também feriram o Código Penal.
Mas não ficarão por aí as revelações do quão desastrosa está sendo a condução do enfrentamento ao coronavírus pelo (des)governo da famiglícia. O estímulo ao não uso de máscaras, as falsas dúvidas sobre a eficácia das vacinas, a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus… Este último ficou claro que só aconteceu porque Bolsonaro se recusou a ouvir os alertas da empresa fornecedora e do governo do Amazonas. E quando questionado, cínico como é característico dos genocidas, afirmou: “o que eu tenho a ver com falta de oxigênio”. Tem tudo a ver. Ele foi eleito para proteger o povo brasileiro. E não está fazendo. Aliás, governa com a covardia com que sempre agiu em toda a sua vida.
Enquanto não pudermos ocupar as ruas, temos que ocupar as redes, acompanhando o trabalho da CPI, subindo todos os dias as hashtag #BolsonaroCriminoso #BolsonaroMata #BolsonaroGenocida #ForaBolsonaro #BolsonaroCulpado. Essa é a tarefa da nossa militância.
Luiz Marinho é bacharel em direito, presidente do PT/SP, foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, ministro do Trabalho e da Previdência no governo Lula e prefeito de São Bernardo do Campo