Linhas sobre o fascismo – Sobre o fascismo à brasileira I

Resolvi escrever essa sequência de textos por compartilhar da ideia de que estamos acompanhando o surgimento de um movimento fascista no Brasil. Representado, sem dúvidas, por Jair Bolsonaro. Meu objetivo com esse texto – e com os que seguirão – não é realizar qualquer tratado teórico sobre o fascismo, mas apenas colocar luz sobre essa assombrosa realidade. E, quem sabe, provocar um debate entre os atores políticos e intelectuais defensores da democracia, para que juntos encontremos o caminho da resistência e do combate a esse movimento.

Os grandes sociólogos, historiadores e politicólogos que se debruçam sobre o estudo do fascismo indicam vários elementos que caracterizam o seu discurso, e um dos que mais me chama a atenção é o conceito de hierarquia.

Os fascistas, como elemento de discurso e de prática, rejeitam qualquer possibilidade de igualdade social. Rejeitam, por exemplo, o conteúdo da fala de Lula durante o 7.º Congresso Nacional do PT que disse: “Nós não queremos tirar ninguém de lugar nenhum. Só queremos igualdade de oportunidades. Queremos que o filho do pobre tenha a mesma oportunidade que o filho do rico.”. Para eles, isso é antinatural, pois a natureza impõe hierarquias de poder e dominância que não podem ser rejeitadas ou modificadas pela sociedade. 

Aqui sobram passagens que demonstram como esse movimento fascista espalha seu discurso na sociedade brasileira. Com elementos racistas, homofóbicos e machistas (para ficar nesses três exemplos), Bolsonaro – antes, durante e depois da campanha e neste primeiro ano de governo – indica que sua hierarquia social coloca o homem, branco e heterossexual, no topo. Ou será que já esquecemos a referência dele a moradores de áreas quilombolas e sua capacidade de “procriação”?

Mais do que a capacidade de aglutinar os fascistas em torno de si, esse discurso autoriza essa gente, em um processo de fazer valer a sua dita superioridade, a cometer toda a sorte de barbaridades contra mulheres, negros e homossexuais.

Porém, essa questão da hierarquia não é o único elemento do discurso fascista reproduzido por Bolsonaro e sua gente (milícia digital ou física). Em um novo texto, vou tratar da questão da irrealidade, outro conceito importante para deixar ainda mais claro que o movimento dos que tomaram de assalto o governo a partir de fake news é articulado e de viés efetivamente fascista.

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