As informações que nos chegam do vizinho país andino sobre as manifestações pós eleições não são, em sua maioria, reflexo da realidade. Como toda a opinião publicada reflete visões de mundo e desejos de quem as publica. Por isso, se faz importante colocar as verdades em seu devido lugar.
Antes de mais nada quero deixar claro minha opinião sobre o que ocorre na Bolívia a partir da eleição do Presidente Evo Morales para o seu quarto mandato: a direita quer dar um golpe de estado. Simples e triste assim.
Importante destacar que a Bolívia é o país que mais cresceu na América Latina nos últimos seis anos. Este ano crescerá perto dos 4%. Muito a frente de Brasil e Argentina, por exemplo. A redução da pobreza e da extrema pobreza, durante os governos de Evo, se deu na casa dos dois dígitos. A inclusão no mercado de trabalho de milhões de bolivianas e bolivianos e a ascensão à classe média de outros milhões mudou substancialmente a economia. E tudo a partir de um modelo econômico próprio que nacionalizou os recursos naturais e que em parcerias público privadas – sim lá eles fazem muitas PPPs – com as melhores empresas do mundo em cada uma das áreas está impulsionando a economia boliviana.
E é neste cenário de pujança que a direita quer tomar o poder na força, no grito. Evo Morales ganhou as eleições com mais de 10% de dianteira para o segundo colocado, um ex-presidente. E a alegada fraude trata-se na verdade de um argumento falso, mentiroso, canalha típico da direita em toda América Latina. O tema da fraude, aliás, foi plantado desde sempre por essa direita que ao não se unir em uma ampla aliança, apresentando vários candidatos, perdeu força e facilitou a vida para o candidato à reeleição.
E por que é possível afirmar que não houve fraude? Porque todas as mesas de votação contavam com fiscais pelo menos dos três principais candidatos. Fiscais que acompanharam toda a apuração na zona de votação, assinaram as atas e receberam uma cópia de cada uma das zonas de votação. Portanto, zero a chance de ter havido alguma fraude na contagem.
A contagem oficial dos votos é feita com transmissão e apresentação de cada uma das atas de votação aos presentes, incluindo imprensa televisiva. Impossível, também nessa soma haver qualquer tipo de fraude. E diferente do que foi divulgado, não foi a OEA que propôs fazer a recontagem. Foi Evo Morales que solicitou à OEA que a fizesse. E qual foi a posição da direita: não aceitar a auditoria comandada pela OEA com acompanhamento de vários países latino americanos, pelos EUA e países europeus. Ou seja, sabem que perderam e ficam de mimimi.
O que a direita está fazendo na Bolívia é muito semelhante ao que o PSDB de Aécio Neves, junto com Eduardo Cunha, fez aqui depois da quarta vitória do PT. Golpe. Por isso, nós latino americanos precisamos nos unir para denunciar mais essa tentativa por parte da direita derrotada de romper com o processo democrático.